No último dia 15 o CRCGO trouxe para os profissionais da contabilidade uma palestra com o tema Débitos de um País sem crédito, ministrada pelo jornalista Alexandre Garcia. Na ocasião, ele deu entrevista aos jornalistas Libório Santos e Naiara Gonçalves. Alexandre antecipou que a confiança é crédito. Segundo ele, o País perdeu a confiança nele próprio. Mais ainda, mais exatamente, no governo. Todos os nossos males são decorrentes na falta de confiança no governo. No momento em que essa confiança for recuperada, se o governo fizer alguma coisa, que seja razoável, que seja digna de essa confiança voltar, ela vai voltar.
Confira entrevista na íntegra:
Existe crise e crises. Política ou econômica. Talvez uma interferindo a outra. Por onde começar a saída?
Pois é. Por isso a falta de confiança atinge a tudo. Atinge a política, atinge a economia. Houve uma campanha eleitoral de reeleição em que se baseou num marketing da mentira. Isso até atenta contra os marqueteiros, porque foi uma mentira atrás da outra. Em pouco tempo o País descobriu que havia muita mentira. Uma delas é a capacidade gerencial da presidente que é nenhuma. E a capacidade de negociação política também não existe. Então o que tem que começar é demonstrar que há essa capacidade de negociação e há essa capacidade gerencial que é uma coisa inata. Eu duvido que uma mesma pessoa consiga fazer com que ela própria se transforme naquilo que a gente acreditava que fosse. A gente que eu digo é a maior parte do eleitorado.
É possível vislumbrar aí um futuro? Quando essa saída pode chegar? O senhor vê indícios para isso?
Eu acho que agora vai demorar, porque o que foi desfeito vai demorar muito para ser reconstruído. Recuperar a confiança? Perder a confiança a gente perde facilmente. Nós no jornalismo sabemos disso, se a gente fizer uma mentira hoje, vamos levar 10 anos falando a verdade até que voltem a acreditar na gente.
O Brasil, a partir de agora, pode ter uma mudança muito radical, principalmente na política?
As coisas como estão se encaminhando, a presidente agora é medida não pela aprovação, mas pela reprovação. Ela está com mais de 80% de reprovação. Não há chefe de governo que aguente isso. Então alguma coisa vai ter que acontecer, e não vai acontecer nada traumático, tenho informações seguras. Tudo que vai acontecer vai ser dentro da Constituição, se acontecer.
Trazendo agora para a área de contabilidade. Na visão do senhor, qual a importância da contabilidade para a atual economia do País?
É fundamental porque são os controles, registros, mas principalmente os controles. É um momento agora que as crises estão atingindo as empresas e as empresas precisam confiar ainda mais nos controles da sua contabilidade.
A lei de responsabilidade fiscal (transparência da gestão) pode ser um caminho para o fim da corrupção e melhora da economia. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Foi um grande ganho para o País essa lei de responsabilidade fiscal, de maio de 2000. A presidente ainda disse ontem (14 de outubro) que todos deram pedaladas. Eu fui ver quem são “os todos”. Todos foram ela e o Lula, porque o Fernando Henrique mal pegou a lei no início, sendo implantada. Então é uma lei fundamental para por as contas públicas em dia e evitar gastos excessivos como está acontecendo.
O senhor costuma dizer que o livro é a porta de entrada do conhecimento. Nesse sentido o senhor acredita que a educação continuada, em qualquer área, seja a evolução para o profissional?
Sem dúvida, até a morte, até o último dia de vida aprender é um prazer maravilhoso e a pessoa todo dia aprende alguma coisa, a cada dia. Não há futuro fora do conhecimento, fora da educação. E fora de um aprendizado de cidadania também, que ensina a conviver com os outros, com as leis principalmente. É este resgate que estamos precisando neste País que está virando uma grande bagunça.
Conhecer e saber o que cobrar e de quem cobrar?
Saber que se nós temos mandatários no poder público é porque há mandantes. E os mandantes são aqueles que sustentam o poder público, os contribuintes, e que os nomeiam pelo voto. Nós temos que ter a consciência de que somos os mandantes. Isso é democracia.
Ouça aqui a entrevista:
Fonte: Assessoria de Imprensa CRCGO – Libório Santos e Naiara Gonçalves