Os preços de produtos como eletroeletrônicos e perfumes, que em geral pesam mais no bolso do consumidor, principalmente quando são importados, podem restringir a compra de presentes no Dia dos Pais, avalia o presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), João Eloi Olenike. “A alta carga tributária sobre os presentes favoritos para a data especial deve-se ao fato de que são considerados itens supérfluos pelo legislador e, no caso dos produtos importados, por possuírem uma incidência ainda maior de tributos”, explica o especialista, ressaltando que mercadorias como roupas também integram a lista dos mimos mais caros para consumir neste período.
De acordo com estudo da BDO Brasil, que calculou o peso dos impostos no valor final de produtos sugeridos como presentes para os pais, os tributos devem equivaler a 94% do preço dos artigos mais procurados nesta data. Segundo o levantamento, os campeões da lista de produtos encarecidos pelos tributos são: garrafa de uísque (94,25%), caixa de charutos (64,25%) e garrafa de vinho (54,25%). Ainda segundo o estudo, para os filhos que quiserem agradar sem gastar tanto com tributos, as opções mais econômicas são mala de viagem (37,25%), camisa social (27,25%) e tênis (27,25%).
O consultor da BDO Márcio Melo aponta que muitos produtos chegam a ter metade do preço fixado devido aos impostos. “A carga tributária do Brasil é muito elevada em relação aos outros países com economias semelhantes”, opina Melo. Ele destaca o efeito cascata: primeiro o tributo incide no fabricante, seguindo para o distribuidor e o varejista, até chegar ao consumidor, que acaba pagando a conta mais cara, uma vez que “tudo isso vai embutido” nos preços dos produtos.
Melo avalia ainda que esta é uma questão complicada, uma vez que a arrecadação de impostos impacta diretamente nas contas públicas. “Vemos que alguns setores estão sendo aliviados em relação aos impostos, alguns com incidência na folha do pagamento; outros, como as cadeias de móveis e veículos, com redução do IPI. No entanto, setores como o de eletroeletrônicos ainda pagam caro pelo IPI.” Para se ter uma ideia, 72% do preço de um videogame são de tributos repassados para o consumidor. No caso de um aparelho celular, os impostos representam 33% do valor do artigo na prateleira. “Como a carga tributária é direcionada ao produto, não é uma questão de marca”, destaca Melo, lembrando que, no caso de itens fabricados fora do País, o valor encarece mais, devido ao tributo de importação.
O fato é que, ao conhecer a carga tributária que incide em cada produto, o consumidor pode ter a possibilidade de escolher itens mais econômicos. Com a regulamentação em vigor que obriga o comércio a mencionar o percentual estimado dos impostos contidos na compra ao fornecer a nota fiscal, já se pode ter mais ciência do que realmente se está pagando. “Mas, dentro das lojas – antes de comprar o produto –, não tem como identificar. As mercadorias não vêm com esta informação, mas deveriam vir”, opina Melo.
Fonte: Jornal do Comércio