Economistas de instituições financeiras passaram a ver expansão econômica no Brasil abaixo de 1 por cento neste ano após novos sinais de fraqueza, ao mesmo tempo em que melhoraram ligeiramente a perspectiva para a inflação e mantiveram o cenário para a política monetária após o Banco Central ter mantido o patamar do juro básico na semana passada, mas deixado as portas abertas para eventuais mudanças.
Em uma trajetória descendente que já dura oito semanas, a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2014 caiu a 0,97 por cento na pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira, contra 1,05 projetado anteriormente. No ano passado, o PIB cresceu 2,5 por cento. As expectativas de que a economia deve ter recuado no segundo trimestre aumentaram na semana passada com a queda de 0,18 por cento em maio do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do PIB.
Um dos maiores pesos sobre a economia é a indústria, e no Focus os agentes econômicos voltaram a piorar sua projeção, vendo agora uma contração da atividade de 1,15 por cento, ante queda de 0,90 por cento na semana anterior.
Para 2015, a projeção para o crescimento do PIB foi mantida pela terceira semana em 1,50 por cento, enquanto a estimativa de crescimento da indústria caiu a 1,70 por cento, frente a 1,80 por cento. Por outro lado, os agentes econômicos consultados no Focus reduziram a projeção para o IPCA, afastando-a um pouco do teto da meta do governo, que é de 4,5 por cento com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
A estimativa para a inflação oficial em 2014 passou agora a 6,44 por cento, contra 6,48 por cento anteriormente. Depois de o IPCA ter estourado o teto em junho com 6,52 por cento em 12 meses, o mercado aguarda a divulgação na terça-feira do IPCA-15 de julho. Para 2015, a projeção no Focus para o IPCA foi elevada a 6,12, contra 6,10 por cento.
Para os próximos 12 meses, sofreu alta de 0,03 ponto percentual, a 5,95 por cento. Entretanto, o Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, continua vendo estouro da meta este ano, mantendo a projeção para o IPCA em 6,51 por cento.
Para a política monetária, não houve alterações na perspectiva de que a Selic encerrará o ano no atual patamar de 11,00 por cento, depois de o BC ter decido na semana passada manter a taxa básica de juros nesse nível pela segunda vez seguida.
Diante da atividade fraca e da inflação elevada, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou as portas abertas para eventual mudança na política monetária, e os olhos agora se voltam para a ata da reunião, a ser divulgada na quinta-feira. Por enquanto, os economistas continuam vendo que novo ciclo de aperto monetário só começará em janeiro de 2015, com alta de 0,25 ponto percentual, sem alteração sobre a semana anterior, segundo o Focus.
Fonte: Exame