Para CFC, SPED e e-Social deverão facilitar a vida dos contadores em médio prazo. Em entrevista, Zulmir Ivânio Breda, fala da situação atual da atividade contábil
No dia 22 de setembro se comemorou o Dia do Contador. Mas como anda essa categoria no Brasil? O que os contadores podem comemorar, afinal? Nesta entrevista com o vice-presidente do Conselho Federal de Contabilidade, Zulmir Ivânio Breda, abordamos assuntos como o ensino de contabilidade, as conquistas da atividade contábil e também os entraves enfrentados pela categoria. Confira.
IBPT – O que os contadores têm para comemorar no 69º Dia do Contador?
Zulmir Ivânio Breda – Temos muito a comemorar, inclusive o fato de ultrapassarmos o número de 500 mil profissionais registrados no país. A profissão vive um de seus melhores momentos com ascensão no mercado de trabalho onde há uma grande demanda nas empresas, o que tem provocado a melhoria da remuneração paga.
IBPT – Que tipo de conquistas, modernizações ou benefícios eles têm hoje que não tinham antigamente?
Z.I.B. – O profissional da contabilidade está presente em todos os segmentos da atividade econômica, seja no setor público, na iniciativa privada ou mesmo no terceiro setor. Trata-se de um profissional indispensável em qualquer empreendimento, atuando junto à esfera de gestão, prestando assessoramento técnico para a tomada de decisão. Não há mais espaço para o profissional que atuava com o olhar voltado aos fatos passados das organizações numa visão retrospectiva. Essa mudança de perfil provocou uma valorização da profissão, que veio aliada a um maior nível de responsabilidade na execução dos seus serviços técnicos.
IBPT – Como anda a qualidade do ensino em Ciências Contábeis?
Z.I.B. – O curso de ciências contábeis é atualmente o 4º curso mais procurado no Brasil dentre todos os cursos de nível superior. São mais de 320 mil alunos matriculados, o que demonstra o interesse dos jovens pela profissão. O exame de suficiência exigido para quem ingressar no mercado de trabalho mostra que temos espaço para melhorar a qualidade do ensino, e o CFC não tem poupado esforços para colaborar com as IES nesse sentido. Uma das formas de incentivo é feita por meio do apoio à criação de novos cursos de mestrado e doutorado visando qualificar mais professores.
IBPT – Que progressos a categoria profissional teve na área de educação ultimamente?
Zulmir Ivânio Breda – Tivemos nos últimos quinze anos um avanço no número de cursos de mestrado e doutorado, sendo que existem atualmente 22 do primeiro e 9 do segundo, os quais formaram até agora 3.264 mestres e 275 doutores em contabilidade. Este fato tem relação direta com a melhoria da qualidade do ensino das ciências contábeis.
IBPT – Quais os principais entraves para o contador de hoje no exercício da profissão?
Z.I.B. – As exigências burocráticas da legislação tributária consomem muito tempo e dedicação do profissional numa atividade que o cliente não vê benefício de ponto de vista da gestão da sua organização. Dizemos que o profissional contábil trabalha mais tempo para o Fisco do que para seu cliente que lhe paga os serviços. Por outro lado as penalidades impostas por descumprimento de qualquer obrigação acessória tributária são muito elevadas, o que faz com que essa atividade seja priorizada no dia-a-dia.
IBPT – Como o CFC tem agido para minimizar tais problemas?
Z.I.B. – A informatização das obrigações tributárias de uma maneira geral tende a, gradativamente, reduzir esse problema, mas isso só vai acontecer no médio prazo, quando ocorrer também uma simplificação da legislação tributária. Atualmente, o CFC participa de grupos de trabalho junto à Receita Federal do Brasil para discutir a implementação do SPED e do e-social, que se constituem em ferramentas de controle e fornecimento de informações ao Fisco. Nesses grupos são discutidas as etapas e formas de implementação desses mecanismos de forma que seja viável o seu atendimento por parte dos contribuintes. O resultado desse trabalho será a redução da quantidade de obrigações acessórias a serem cumpridas pelas empresas, tendo em vista que haverá uma centralização de informações nas ferramentas citadas.
Fonte: IBPT
Fabio Riesemberg – Jornalista (MTb. 2802/11/21)