Investimento em capacitação tem sido prioridade das empresas de contabilidade. Segundo pesquisa do setor, 86,4% dos escritórios brasileiros pretendem investir em qualificação e especialização.

Isso porque mudanças na legislação, alteração no Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e novos nichos de mercado exigem dos colaboradores conhecimento em tecnologia, sistemas e novos procedimentos. De acordo com o responsável pela área de contabilidade da BDO, Julian Clemente, a empresa que não conseguir adaptar-se ao novo padrão internacional deverá sumir. “A exigência do padrão internacional denominado CPC exigiu a modernização das obrigações acessórias dos escritórios. O investimento em tecnologia e capacitação é primordial.”

Entre as principais mudanças que influenciaram o segmento está a inclusão de novos processos (Sped contábil, eSocial, ECF e EFD), a digitalização dos procedimentos e a nova organização empresarial, que passou a usar os balanços contábeis na estruturação do plano de negócios). “Escritórios que cobravam muito abaixo do preço não vão conseguir sobreviver. E para captar clientes a um preço maior deverão ter a estrutura necessária para cumprir o padrão”, diz.

Para Clemente, a tendência é que os escritórios estruturados preparem melhor seus funcionários para evitar problemas fiscais. “Estamos alertas. Se um procedimento não tiver respaldo, exigimos esclarecimento da empresa e todos os funcionários devem estar preparados para saber exigir as informações”.

Para isso, o braço de negócio de contabilidade da BDO oferece a seus 120 colaboradores um curso por mês. “Com a instabilidade econômica, muitas empresas passarão a terceirizar o serviço e a demitir funcionários que faziam este trabalho. Com a alta da demanda devemos crescer 20% neste ano”, revela.

Outros escritórios que têm investido em capacitação são o Gescon Assessoria Contábil e o Contabilidade Djazil, ambos localizados em Santa Catarina. “Exigimos 20 horas/aula a cada um dos nossos 30 funcionários”, ressalta o contador da Djazil, Ciro José Cerutti.

O executivo também afirma que, além dos cursos externos, oferece outros módulos de especialização onde alguns funcionários recebem a capacitação e repassam o conhecimento para as suas equipes. “Com este alto aporte em profissionalização, investimos também na retenção de talentos oferecendo atividades onde os colaboradores se sintam valorizados”, completa.

O escritório Gescon revelou ao DCI que gasta mais de R$ 22 mil por ano. “Oferecemos cerca de 50 horas/aula por funcionário”, disse o proprietário, Marcio Berkembrock. Segundo ele, a expectativa para 2015 é de manter o mesmo nível de qualificação.

Com estes investimentos, o empresário afirmou ter conseguido a modalidade ouro do Selo de Qualidade Catarinense da Federação dos Contabilistas do estado. “A projeção de crescimento do faturamento deste ano é de 10%”, informa.

Segundo Berkembrock, um desafio da região em que está é a manutenção dos clientes. “Com medo da retração econômica, muitos empresários fecharam as portas antes de sofrer alguma perda”, diz. Este ano, o escritório perdeu seis clientes por esse motivo. Atualmente, a empresa tem uma base de 130 contratos.

PMEs

Outro fator que tem exigido a capacitação dos funcionários da área é a profissionalização das pequenas e médias empresas nos últimos anos. “Além do grande número de PMEs que surgiram nos últimos anos e aumentou consideravelmente a demanda, também temos a modernização do padrão internacional que as pequenas não tinham”, acredita o vice-presidente Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Ivanio Breda.

Para ele, agora os contadores devem estar preparados para assessorar o cliente em como gerar informações de controle interno para cumprir com as normas. “Manter a contabilidade em ordem não é mais apenas coisa de grandes companhias, mas também para PMEs”, ressalta.

Outro nicho de mercado que tem favorecido os profissionais da área é o político. “Em 2014, foi definido pela legislação eleitoral a prestação de contas dos candidatos com a aprovação de um contador. Com isso, a demanda deve aumentar consideravelmente em todos os âmbitos”, afirma Breda.

“A lei de recuperação judicial também passou a exigir que o gestor do processo seja um contador. O profissional está ganhando cada vez mais espaço”, completa.

Tendência

A perspectiva é que o mercado cresça em média 10% em 2015, segundo o presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Mario Berti.

Para ele, outra estratégia importante para sobreviver à concorrência é investir em soluções para os clientes. “Além da contabilidade, a consultoria, assessoria e auditoria podem ser outras opções para os escritórios.” O executivo diz que para manter os clientes, nada mais primordial do que deixá-los ativos. “Além de incrementar os resultados, oferecer outros serviços pode garantir a vida da empresa.”

Fonte: DCI

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