A unanimidade entre os especialista é: tirar, imediatamente, o dinheiro da conta corrente
São Paulo – A Receita Federal libera hoje a consulta ao quarto lote de restituição do Imposto de Renda, e na próxima segunda-feira, dois milhões de contribuintes estarão com o dinheiro acessível. Mas o que fazer com o recurso extra em caixa?
A unanimidade entre os especialista é: tirar, imediatamente, o dinheiro da conta corrente. “É importante que, antes de receber a restituição, a pessoa já saiba qual será seu destino para não ficar andando com ela na conta”, orienta o consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil.
A diretora da Fharos Contabilidade e Gestão, Dora Ramos, também afirma que a única receita pronta para a restituição é planejar o seu destino antecipadamente. “Tem pessoas que nem percebem que a restituição caiu na conta e gastam todo o dinheiro que receberam extra sem notar”, diz.
Calil ressalta que caso a pessoa tenha dívidas, deve usar o dinheiro para abater algumas parcelas do débito ou, se possível, quitá-lo. “Mesmo se a pessoa tiver uma dívida controlada, é melhor fazer frente às parcelas para evitar pagar juros. Os juros de pagamento são maiores que os de investimento”, avalia.
Reserva
Para o presidente da DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos, no caso de dívidas controladas, o ideal é o contribuinte usar o caixa extra para criar uma reserva estratégica, em vez de abater o débito.
“Se a pessoa estiver conseguindo pagar o débito com o próprio salário, é melhor guardar o dinheiro para uma emergência”, orienta. “Sem reservas, caso o endividado fique desempregado, por exemplo, irá recorrer ao cheque especial, que tem juros ainda mais altos que os da dívida”, completa.
Domingos faz uma analogia das finanças pessoais com as de uma pessoa jurídica. “As empresas tomam crédito e, quando começam a lucrar, não antecipam o pagamento do empréstimo. Da mesma forma, o brasileiro precisa aprender a ter reservas”, explica.
Controle
No caso de uma dívida fora de controle, os especialistas também são unânimes em aconselhar a usar o dinheiro para saldá-la. “Os juros do cheque especial, por exemplo, são altíssimos e o melhor é evitá-los”, diz Dora Ramos
O presidente da DSOP, entretanto, salienta que, antes de quitar o débito, é importante que o contribuinte faça uma “faxina financeira”. “A maior parte das pessoas inadimplentes está vivendo um padrão de vida acima do permitido pela receita que têm. Se mantiverem esse processo, o dinheiro da restituição vai virar pó. Se a pessoa usar o recurso extra para pagar a dívida, algum tempo depois estará endividada de novo”, afirma.
De acordo com ele, o endividado precisa equilibrar o orçamento, fazendo uma recomposição dos gastos para reduzir os excessos e voltar a ter sustentabilidade financeira.
“Depois do diagnóstico financeiro, a pessoa precisa definir o que deseja em longo prazo, fazer um orçamento e começar a poupar visando esse sonho”, explica. “É importante que, assim que receber o salário, a pessoa já separe o dinheiro que será destinado para o objetivo definido”, completa. O educador salienta, ainda, que a restituição também é parte do salário, sendo devolvido.
Investimento
Calil aconselha o contribuinte (que não estiver endividado) a gastar parte do dinheiro com algo que seja lhe seja prazeroso e investir outra parte. Para ele, a pessoa que estiver pensando em investimentos em curto prazo deve evitar a caderneta de poupança, que possui baixa remuneração.
“O ideal é investir em fundos de renda fixa”, diz.
Para Dora, o tipo de aplicação vai depender do perfil da pessoa. “Se o contribuinte costuma movimentar muito o dinheiro, por exemplo, o melhor é a poupança”, comenta.
O fundador da Academia do Dinheiro afirma que três pontos devem ser observados no momento do investimento: o montante que se deseja investir, o prazo para resgate do dinheiro e o objetivo da aplicação. Em relação aos títulos do tesouro, Calil recomenda que antes de comprá-los, os contribuintes se informem sobre a marcação a mercado: os papéis valorizam e desvalorizam de acordo com as expectativas para a taxa básica de juros (Selic) e a inflação. “É preciso investir corretamente, com horizonte certo de resgate”, ressalta.
Sobre a Bolsa de Valores, o consultor diz que, entes de aplicar em ações, o investidor precisa estudar a solidez da empresa. “É preciso alguns princípios, como investir em companhias que tenham lucros recorrentes, garantindo e a consistência da ação – que tende a ter poucas flutuações – o recolhimento de dividendos”, avalia.
Fonte: DCI, por Pedro Garcia, 08/09/2014