Sempre escutamos conceitos, definições e, principalmente, afirmações sobre o papel e as aplicações dos programas de compliance: seguir normas e diretrizes, garantir observância dos fluxos e processos, prevenir fraudes e desvios de conduta, ou, em síntese, assegurar integridade. O foco é promover os formatos e parâmetros necessários para nortear a segurança institucional.
Indiscutivelmente todas estas ferramentas direcionam controles no sentido de reconhecer e mitigar riscos, mapear, qualificar e quantificar contingências. De forma ampla, têm sido obtidos resultados positivos frente às metas empresariais e sociais, vinculadas aos aspectos de sua auto-sustentabilidade.
Nas instituições de saúde têm sido realizados investimentos econômicos, financeiros e humanos para a criação e implantação de códigos de ética e conduta e programas de integridade. Estes instrumentos de gestão têm elevado a prestação de serviços médico-hospitalares a patamares de qualidade e certificações que de muitas formas respaldam e cercam a gestão de indicadores que possibilitam melhorias aos processos.
Entremeio a este cenário, em 2020 fomos surpreendidos pela pandemia da Covid-19, o que abalou as ações previstas em planejamentos estratégicos e na atuação habitual das instituições. Mesmo no setor saúde, devido às próprias características da atividade, não era algo que compunha as mais pessimistas das matrizes SWOT, ao menos não com esta magnitude.
É exatamente neste momento, em situações como as que estamos vivenciando, que percebemos as atividades dos sistemas de compliance como ainda mais essenciais, funcionando como pilares de enfrentamento à pandemia. Para pensar sobre isso, propomos voltar à abordagem inicial sobre assegurar integridade. Não existe processo que não careça de melhorias constantes, afinal somos humanos e hospitais são complexos.
Cabe enfatizar a segurança do paciente, que é melhor garantida com programas de qualidade e integridade, sendo possível perceber resultados da acolhida até a alta hospitalar, nas adequações e adaptações para entender e atender durante a pandemia. Nesse sentido, são criados e entregues resultados, valores explícitos e carregados de ética nos serviços direcionados àquele que é o ator principal em cena: o paciente.
Não podemos esquecer que os pacientes necessitam ser vistos além dos controles e fluxos administrativos: precisam ser reconhecidos com a verdadeira preocupação empática, com amor refletido em cada atendimento. É papel do gestor em saúde entender que isso torna-se ainda mais viável, seguro e íntegro com sistemas de compliance, que estão sendo velas a iluminar e guiar as instituições nestes dias de superação.
David Aquino Ramos
Membro da Comissão de Gestão da Governança Organizacional e Compliance e da Comissão do Terceiro Setor do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRCGO). Supervisor Contábil e Financeiro no Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), pela Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir).