Descrente em uma rápida recuperação da economia brasileira, o BNP Paribas cortou sua projeção para a inflação no Brasil em 2018 de 4% para 3,5%. A estimativa é menor do que os 4,02% projetados pelo mercado, segundo a versão mais recente do Boletim Focus, do Banco Central.

“A projeção do mercado lentamente alcançou nossa estimativa [de 4%], mas nós ampliamos a distância [ao cortar a projeção para 3,5%] devido aos aumentos mais contidos dos preços regulados e de serviços, combinados com uma recuperação branda nos preços dos alimentos”, disse o economista Gustavo Arruda, em relatório. “Ao mesmo tempo em que amamos nos tornar consenso, nós odiamos fazer parte do consenso.”

Segundo ele, em maio de 2016, quando houve o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o BNP argumentou que a inflação a partir daquele ponto seria ancorada novamente pela retomada da credibilidade do Banco Central, a apreciação do real e a pior recessão que o Brasil já registrou em sua história, o que empurrou o índice oficial de preços do país para dentro da meta do governo.

“Apesar de algum ceticismo que foi expressado naquela ocasião, nosso cenário para a inflação no Brasil se concretizou. Na verdade, a inflação nos surpreendeu para baixo e parece estar caminhando para encerrar este ano em 3%”, afirmou Arruda.

Na avaliação do economista, a inflação deve seguir em queda mesmo com a expectativa de melhora na economia em 2018. Arruda disse que, depois de oito trimestres em queda, o Brasil voltou a apresentar crescimento nos últimos dois trimestres e o desempenho deve se manter em terreno positivo por algum tempo.

“Ainda assim, a economia está crescendo bem abaixo de seu potencial e esperamos que serão necessários muitos trimestres para que ela volte a atingir esse nível. Como resultado, não esperamos que a atividade pressione a inflação em 2018”, disse.

Em relação aos preços, o BNP espera que a inflação de serviços caia para 3,8% em 2018 em comparação aos 4,7% deste ano. A perspectiva para os preços de alimentação, porém, são de aceleração. Em 2018, segundo o banco, a inflação de alimentos deve subir para 4,4%, ante os -3% deste ano.

“É importante ressaltar que as projeções sobre tempo e dinâmica de oferta para frutas e vegetais podem mudar rapidamente e isso afetaria essas projeções, o que adiciona um risco natural ao nosso cenário.”

Fonte: Exame

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