Enquanto o mercado se anima com a queda da presidente Dilma, desemprego deve aumentar, a renda deve cair e o crédito vai sumir
São Paulo – Enquanto o mercado financeiro está otimista com o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff – a Bolsa de Valores brasileira acumula valorização de 22% neste ano -, a economia da “vida real” está muito longe de se recuperar.
O desemprego deve seguir aumentando, e a renda cairá mais, afirmam economistas e planejadores financeiros. O crédito para consumo continuará escasso e caro, cenário que não deve se alterar com mudanças na economia.
Além disso, o ajuste fiscal de um virtual governo Michel Temer (PMDB) deve vir por meio de corte de despesas e de aumento de impostos, o que significa mais recessão no curto prazo. E as duas notícias que poderiam ser positivas – queda da inflação e um possível corte na taxa básica de juros – não refletem otimismo, mas sim o agravamento da crise.
A taxa de desemprego já superou os 10%, e não há sinal de que ela poderá parar de subir, de acordo com Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados. “É inescapável que o mercado de trabalho só se recupere em 2018. Não há força.”
Com o mercado de trabalho debilitado, os bancos devem segurar novos empréstimos. Mesmo que a taxa básica de juros – hoje em 14,25% ao ano – caia, o custo do crédito deve seguir elevado. “Inadimplência, desemprego, recessão, isso pesa”, diz Liao Yu Chieh, professor de finanças da pós-graduação do Insper. Sem crédito, uma das vias de recuperação da economia fica debilitada.
O dólar saiu do pico de R$ 4,14, em janeiro, para a faixa de R$ 3,50, um alívio não só para quem planeja viajar. A desvalorização da moeda norte-americana ajuda a controlar a inflação. No entanto, até o fim do ano, o dólar deve voltar para o patamar de R$ 3,80, de acordo com especialistas.
Fonte: O Popular