Dando continuidade à iniciativa que busca levar mais conhecimento aos contadores que trabalham com produtores rurais, cerca de 100 profissionais de Itumbiara e região participaram, na manhã desta quarta-feira (15), do 1º Seminário de Contabilidade Rural e puderam ouvir o professor, contabilista, especialista em Direito Tributário e palestrante convidado, Israel Ferreira de Lima. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás e o Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRC-GO) e este é o segundo evento de uma série de quatro encontros, agendados para acontecer ainda nos municípios de Rio Verde e Jataí, até o final do ano.
Desta vez, o Seminário contou ainda com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Sindicato Rural (SR) de Itumbiara. O objetivo foi reunir contadores, representantes de escritórios de contabilidade, profissionais de recursos humanos, acadêmicos de ciências contábeis e empresas de agronegócios para aperfeiçoarem conhecimento acerca da Atividade Rural – Pessoa Física e Pessoa Jurídica.
Para o diretor tesoureiro do Sindicato Rural (SR) de Itumbiara, Luiz Cândido Nunes, o evento teve 100% de aproveitamento, levando em conta as dificuldades encontradas por contadores que trabalham com produtores rurais e a experiência do palestrante, Israel Ferreira.  Nunes, representando o presidente do SR, Rogério Santana, que está de licença médica, destacou a importância do Seminário, classificando-o como fundamental, e agradeceu a presença dos profissionais.
Segundo o presidente do CRC-GO, Elione Cipriano da Silva, a receptividade tem sido o diferencial da iniciativa. “Eu já tenho sido cobrado por outras regiões a realizar esse Seminário. Isso nos levou a fazer uma ampliação deste projeto. Se em 2014 nós alcançamos quatro cidades, em 2015 a previsão é de realizarmos o Seminário em 6 ou 8 municípios”, pontua, já destacando a necessidade da conscientização do homem do campo que precisa se preocupar em organizar a documentação contábil ao longo dos meses e não apenas no final de cada ano.
Elione destaca a falta de organização do produtor rural com a documentação contábil como o principal desafio do contabilista. “Precisamos mudar esse paradigma do homem do campo, para que se preocupe em se organizar contabilmente falando”.
Parceria em busca de conhecimento
“Trabalho se faz é com parcerias e muito empenho. Neste caso, trabalharam em prol dos contadores o Senar Goiás, a Faeg, o Sindicato Rural e o CRC-GO. Fizemos questão de brigar pelo melhor: trazendo de Pernambuco Israel Ferreira, um facilitador de 1ª linha para melhorar o nível dos contadores e, indiretamente, do homem do campo”, explicou o técnico de formação superior do Senar Goiás, Lauro Lúcio Viana, ao dar as boas vindas aos participantes do evento. Lauro ainda apresentou o Senar Goiás e sua função social junto aos produtores e trabalhadores rurais. Falou sobre capacitação, cidadania, os cursos de FPR e PS oferecidos pelo Senar, os programas especiais da entidade e sobre o amor pelo campo que move tudo isso.
A casa cheia foi resultado do trabalho árduo de mobilização das entidades e parceiros envolvidos. Entre eles, o auxiliar técnico de planejamento e operações do Senar Goiás, Douglas Lúcio. Ele visita empresas de produtores rurais, escritórios de contabilidade e clientes rurais, como um todo, explicando como é feita a arrecadação que custeiam os cursos de capacitação do Senar. “0,2% de tudo o que é produzido em propriedades goianas é recolhido e destinado à entidade”. Segundo Douglas, durante as visitas ele consegue notar uma falta de conhecimento dos contadores em relação à previdência rural e às obrigações do produtor.
Em meio de tantos profissionais da área, a contadora Carla Silva quase não piscava na intenção de não perder nada do que era dito por Israel. Há quatro anos ela atua na área como funcionária de uma empresa, mas já trabalha atendendo por fora alguns produtores rurais. “Vim em busca de conhecimento. Fiquei sabendo pelo site do CRC-GO e me animei já que não temos nenhum curso especifico para contabilidade rural. Sendo assim, fica nítida a falta de mãos de obra qualificada para atender os produtores. Quero fazer diferente”, pontua.
Educação fiscal continuada
Outro ponto bastante destacado durante o Seminário foi a existência de uma educação fiscal continuada – que tenha início ainda nas cadeiras da escola e siga pelos corredores dos cursos superiores. A ideia, que já vinha sido debatida em Itaberaí, primeira cidade pela qual o Seminário passou, resultaria em produtores mais conscientes sobre a importância do trabalho do contador, assim como o valor da organização contábil.
“A organização vai trazer para o produtor uma maior clareza no momento de apontar qual o setor do seu segmento está sendo mais lucrativo. A contabilidade pode fornecer esses indicativos para que ele concentre seus esforços na atividade que precisa melhorar a lucratividade”, explica o também contador, Danglariston Junqueira Guimarães.
Danglariston também alerta sobre o contato diário entre produtor e as informações que incitem uma necessidade em aprimorar o conhecimento sobre a área contábil ou em contratar um especialista. “É preciso que este produtor trate a atividade rural como uma empresa. Para que ele consiga avaliar quando o negócio está bom e quando ele não está bom, investindo na parte que faz com o que a atividade dele caminhe bem. Essa é a verdadeira chave do sucesso”.
Dificuldade no dia a dia
Para o palestrante, Israel Ferreira, as dúvidas dos contabilistas são as mesmas e giram em torno da identificação da documentação fiscal que comprovam as despesas e a receita e da tributação do Imposto de Renda (IR), o que é resultado da falta de conhecimento sobre a legislação. “O Imposto de Renda é o grande vilão da contabilidade rural”.
Ele explica que as dúvidas também são relacionadas ao que é a atividade rural e o modo de fazer um planejamento tributário. Israel é enfático ao falar sobre a necessidade de que seminários como este alcancem também o produtor rural. “A nossa intenção é aproximar o profissional contábil e o profissional rural, mostrando para o segundo a sua importância nessa relação”, destaca.
A auxiliar contábil, Odete Batista, concorda com Israel e admite que o público rural tem características específicas. Ela saiu de Paranaiguara (cerca de 200 km de distância) e foi até Itumbiara assistir a palestra do professor.
Israel alertou os contadores sobre o bom momento do mercado para o contador rural. “Eles precisam mostrar para o produtor que é importante ter um acompanhamento mensal. Essa atitude de procurar o contador só no final do ano é cultural e precisa ser combatida”.
Parceria 
Segundo o presidente do CRC-GO, Elione Cipriano da Silva, a parceria com o Senar Goiás contribuirá muito com a prática contábil na esfera rural. “Devemos cada vez mais aproximar a teoria da prática e uma instituição que visa a disseminação do conhecimento como o Senar só tem a contribuir com o trabalho dos contadores no nosso estado”, afirmou.
Elione destaca que os seminários representam a oportunidade do contabilista tirar dúvidas e dividir experiências. “Eles saem dos eventos como multiplicadores para levar informação mais precisa até seus clientes e poder trazer o empresário rural para essa importante missão: ter o controle de suas atividades com mais proximidade da realidade”.
Fonte: Comunicação Senar/Faeg, por Michelle Rabelo

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